O quarteto do Los Hermanos fez o maior show de sua carreira neste sábado (24) em São Paulo e tudo remetia a uma grande apresentação internacional. Desde uma arena Anhembi lotada e a transmissão pela TV, à longa setlist repleta de sucessos e os 30 mil fãs ardosos cantando a plenos pulmões -- e a completa falta de ousadia ou surpresas. Veja fotos da apresentação dos barbados.
Em um repertório de duas horas e 29 canções, a banda carioca conseguiu contemplar hits de seus quatro discos e construiu um show equilibrado entre a energia e a emoção. O bis, começado pela lenta “Adeus você” e encerrado de forma apoteótica por “Anna Julia”, “Quem sabe” e “Pierrot”, é um bom exemplo dado por uma banda que tem experiência nos palcos e sabe o que seu público quer.
Cada vez que uma sequência com uma sofrência maior ameaçava dispersar o interesse da platéia, um sucesso maior como “Último romance” era invocado. Tamanho domínio sobre fãs e cronograma obviamente tem um preço. Se sobram emoções e lágrimas por parte do público, falta o inesperado e um certo engajamento vindo da banda.
Os desvios em relação às apresentações de Curitiba (PR), no dia 16, e de Porto Alegre (RS), no dia 17, foram mínimos. Todas as canções seguiram a mesma ordem, com nenhuma novidade para surpreender. Nem mesmo as pouquíssimas interações com o público pareciam espontâneas.
Após o anúncio do hiato em 2007, o Los Hermanos tem realizado uma curva peculiar. Ao mesmo tempo em que seus shows esporádicos ficam mais longos e grandiosos e os músicos parecem mais confortáveis com seus sucessos -- “Anna Julia” há tempos deixou de ser tabu --, os integrantes parecem ficar cada vez mais no automático.
Há pouco espaço para malemolências, canções lado B ou contato direto com os fãs. Os quatro sobem ao palco, fazem o que têm de fazer e vão embora. Isso pode ser o bastante para os admiradores mais novos da banda, mas já começa a ficar repetitivo para quem acompanha o quarteto desde o inícios dos anos 2000.
A falta de empolgação dos dois frontmen da banda, Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante, fica evidente quando comparada às performances em suas carreiras solo ou em seus projetos paralelos.
Camelo é outro ao lado de Mallu Magalhães e Fred Ferreira formando a Banda do Mar. Amarante parecia muito mais realizado com a informalidade de uma Orquestra Imperial ou de uma Little Joy.
Em uma das poucas vezes em que falou com a plateia, Camelo perguntou quem estava ali para seu primeiro show do Los Hermanos. Menos da metade dos presentes levantou a mão.
Comparado com o número elevado que respondeu positivamente em 2012, é possível dizer que a banda até continua a conquistar novos seguidores apesar da ausência de lançamentos, mas a intensidade tem diminuído.
Camelo, Amarante, Rodrigo Barba e Bruno Medina ainda têm um show extra em São Paulo neste domingo (25) no Espaço das Américas e quatro apresentações no Rio de Janeiro, entre os dias30 de outubro e 2 de novembro.
Ao participar das comemorações de 450 anos de sua cidade natal, os cariocas podem relembrar de verdade dos velhos tempos -- resta saber se eles têm essa vontade.
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