“O Brasil está entre os países mais fechados do mundo”, é o que afirmam Pedro Ferreira e Renato Fragelli, professores da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas.
Segundo os professores, o aumento mais recente das tarifas de importação sobre mais 100 produtos (que chegará a 200 no próximo mês) foi apenas mais uma entre as muitas medidas protecionistas tomadas pelo governo federal nos últimos tempos.
No artigo, Ferreira e Fragelli afirmam que a política de restrições sobre produtos importados é ruim para a economia nacional e beneficia apenas alguns grupos específicos, como os empresários e trabalhadores dos setores protegidos.
Além disso, argumentam, a adoção do protecionismo como arma para aumentar a produtividade da indústria nacional, objetivo declarado do ministro Mantega ao anunciar as novas medidas, é uma política falha.
O resultado desse raciocínio são os sucessivos planos que pretendem salvar a indústria brasileira, mas sem esperar que ela realize ajustes necessários para competir – política que demandaria tempo, investimento, e possivelmente eliminaria algumas companhias ineficientes do mercado.
A atuação do governo agrada aos sindicatos e federações industriais, pois lhes entrega benefícios que não teriam em um mercado livre. Quem fica com a conta são os consumidores. Sem possibilidade de fazer lobby para defender os seus interesses em Brasília, pagarão alguns reais a mais pelos produtos da indústria nacional – produtos que possivelmente não escolheriam em um mercado livre. O pagamento de poucos centavos ou reais a mais por um produto é pouco para que uma parcela significativa da população se mobilize contra as políticas protecionistas.
Como mostram Ferreira e Fragelli, a tarifa média de importação brasileira (12%) já está entre as maiores do mundo. No próximo mês, o governo anunciará mais uma rodada de “proteção” para a indústria nacional.
É verdade que os nossos atletas não tiveram muita sorte nas olimpíadas, mas ao menos no campo do protecionismo o governo vem trabalhando duro para que em breve nós possamos assumir o topo do ranking mundial.
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