A frase de Daniel Alves, apenas mais uma na imensidão de uma entrevista coletiva de mais de meia hora, mostra um pouco do que foi o encontro do jogador com cerca de 60 jornalistas no CT do clube, nesta segunda-feira.
Fosse uma tela, seria uma pintura de Dali. Tamanho surrealismo.
Uma entrevista coletiva de jogador em uma segunda-feira que não seja véspera de um jogo é algo incomum. Por isso, todos estavam na expectativa de que Daniel Alves anunciaria seu futuro: sai ou fica no Barcelona?
O que se viu foi uma entrevista sem uma resposta definitiva. Mas com muitas indicações de que o lateral deixará o clube. E com cenas tão insólitas que faziam os repórteres se entreolharem como se estivessem diante de algo sobrenatural.
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Durante mais de meia hora, Daniel Alves respondeu - ou quase isso - a 30 perguntas. Disse muito, muito mais do que mandaria o tal "bom senso" de um jogador antes de duas finais, como são as da Copa do Rei e a da Champions League, nas próximas semanas.
"O clube não me valorizou", disse, na primeira resposta mais ríspida. Vieram mais. "Quero ficar, mas não a qualquer preço". Outra: "Há seis meses não me queriam, daí veio a punição da Fifa, não podiam contratar, e ficaram loucos para renovar".
Daniel disse, ainda, que se reuniu com o presidente do clube, Josep Maria Bartomeu, há menos de um mês. "Falei com ele, e ele sabe o que eu quero. Se ele fizer, está bem; se não fizer, não está bem"; e ao ser questionado sobre o teor da conversa, outra alfinetada. "O que falamos não interessava nem a mim, então acho que não interessará a vocês".
Teve mais. Daniel Alves, em sua pintura surrealista, interrompeu o assessor do clube, quando o funcionário tentou encerrar a entrevista. "Não, quero falar mais. Se quiser, pode ir e eu fico", disse.
Mas também impediu que um jornalista perguntasse. O repórter Carles Escolán havia acabado de identificar-se como da Rádio Marca, quando foi interrompido. "Lixo! Não respondo ao Marca. Sinto por você, mas não respondo".
Outro jornalista, David Bernabéu, daDeportes Cuatro - TV com sede em Madri - levou uma bronca bem humorada. "Outro dia o Los Manolos [programa de debates da emissora] mostrava a festa do título da Liga e depois mostrava a festa do Real Madrid por La Décima... Pô, essa festa do Madrid faz mais de um ano. Vergonha alheia...", disse Alves, enquanto o jornalista sorria.
Para encerrar e assinar a "tela", Daniel Alves ainda deu um toque mais surreal a toda a cena. Perguntado se há, na música brasileira, alguma canção de despedidas, não teve dúvidas: recorreu a "Ainda é cedo pra dizer bye bye", do Grupo Imaginasamba.
"Ainda é cedo pra dizer adeus; ainda é cedo pra dizer bye bye. Entendeu? Tranquilidade...", concluiu.
Possivelmente, foi a última entrevista de Daniel Alves com a camisa do Barcelona. O último quadro surrealista do lateral-direito na sala de imprensa do clube.
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