A cena chocante se repetiu. Após tentar assaltar a um bar no bairro Jardim São Cristóvão, em São Luiz (MA), o jovem Cledenilson Pereira da Silva foi preso nu a um poste e espancado até a morte por cerca de vinte pessoas na madrugada da última segunda-feira (6).
No ano passado, um adolescente também foi alvo de um linchamento nos mesmos moldes após uma tentativa de furto no Rio de Janeiro (RJ).
Os casos, contudo, não são isolados. O Brasil é o país com a maior incidência de linchamentos entre as nações analisadas pelo sociólogo José de Souza Martins, professor da Universidade de São Paulo (USP), para um estudo sobre casos de violência coletivas no país.
Os resultados foram compilados no livro Linchamentos: A Justiça Popular no Brasil(Editora Contexto), lançado este ano.
Segundo o pesquisador, há ao menos um caso de justiçamento no país por dia. Para se ter uma ideia, até a última quinta-feira – ou seja, três dias após a morte de Cledenilson -, outros três casos foram reportados no Rio de Janeiro e no Maranhão.
"É o único país em que essas ocorrências não são surtos, mas uma ação contínua de turbas que se organizam com facilidade cada vez maior", afirma.
A crise da legitimidade das instituições, a visibilidade dos casos de linchamento e até algumas características da cultura social do Brasil colaboram para esse cenário, de acordo com Martins.
“A sociedade que lincha é a sociedade que está insegura e com medo”, afirma.
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