Tem filme bom estreando hoje nos cinemas, o gaúcho “Beira-Mar”, que depois de ser lançado no Festival de Berlim no começo do ano finalmente chega ao grande público brasileiro.
“Beira-Mar” mostra a viagem de dois amigos para uma pequena cidade litorânea e, com muita delicadeza, retrata as descobertas sexuais e também as complicadas relações familiares em meio a um cenário frio com cores igualmente frias. O que acontece quando você se apaixona pelo melhor amigo?
Apesar de ser um filme que foca muito no silêncio e nos sons das pequenas coisas, “Beira-Mar” tem um desenvolvimento agradável e quando a gente menos percebe estamos nos deparando com o grande clímax.
Para os diretores do filme, Filipe Matzembacher e Marcio Reolon, “Beira-Mar” é uma tentativa de enxergar a juventude de uma maneira mais complexa e menos colorida. “Quando a gente era adolescente tinha muita dificuldade de encontrar filmes com os quais a gente realmente se identificasse e com o ‘Beira-Mar’ a gente tentou isso”, contam.
Os dois acreditam que o fato de ainda serem jovens ajuda a levar uma história mais verdadeira sobre dois adolescentes. “A gente tentou não criar uma representação idealizada, nostálgica, colorida e animada do jovem que não foi o que a gente passou na nossa adolescência, por exemplo”, dizem.
Filipe e Marcio, aliás, são um casal, e nos contam que o relacionamento e o trabalho conjunto no filme se completam: “A gente compartilha referências e tem gostos muito semelhantes, a gente discute muito sobre o filme e quando chega o momento de gravar no set as coisas fluem com muita naturalidade”.
Nos últimos anos, vem crescendo cada vez mais o número de filmes brasileiros que retratam jovens LGBTs e o ator Maurício Barcellos, que faz o Tomaz, está bem orgulhoso de estar dentro dessa tendência. “Foi a minha primeira experiência como ator e justo tratando de uma causa que eu admiro muito, que é a luta LGBT, então é algo que eu me orgulho muito de ter participado”, diz.
Apesar de ser a primeira atuação dele, se você tá achando que já viu o Maurício em algum lugar, você não está errado. Há alguns anos o ator passou uma temporada como “Colírio” da revista Capricho e falou com a gente sobre a transição para a carreira de ator: “eu não enxergava isso como um trabalho, de fato, enxergava com olhos ingênuos e sem muita personalidade. Agora, com o ‘Beira-Mar’, é outra coisa completamente diferente. Amadureci e levo a atuação como o meu caminho a ser seguido”.
Voltando a falar da questão LGBT, o outro protagonista do filme, Mateus Almada, que faz o Martin, também acha que ótimo ter no cinema nacional cada vez mais visibilidade para o tema. “Por ser hétero, eu não posso falar sobre tudo que as pessoas sentem na pele, mas por conviver com gays eu vejo algumas das coisas que eles passam, então mostrar um filme como esse para um público jovem eu acho extremamente importante”, conta.
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