“Como eu poderia escrever um álbum realista se estou esperando por meio milhão de curtidas na bosta de uma foto? Isso não é real”. Assim começa a reportagem da revista Time com a Adele, divulgada nesta segunda (21/12). A cantora inglesa foi escolhida para a última capa de 2015, por razões óbvias. Diga alguém que vendeu tanto quanto ela neste ano, em tão pouco tempo. Na semana passada, o número de cópias vendidas do álbum “25” nos Estados Unidos passava 5,1 milhões em três semanas. “É um pouco ridículo. Eu nem sou da América. Talvez eles pensem que tenho algo a ver com a Rainha. Os americanos são obcecados pela família real”, ela brinca.
Adele é assim, sempre levando em tom bem humorado o próprio sucesso, para manter os pés firmes no chão. Ela acredita que as pessoas se identificam com suas músicas porque ela não tem vergonha de mostrar que está desmoronando em suas composições. Todos têm baixos na vida, mas nem todo mundo está disposto a assumi-los publicamente. “Muitos tentam ser corajosos e não deixar uma lágrima cair. Às vezes, quando você sabe que alguém se sente como você, ou parecido, isso faz você se sentir melhor. Ainda que minha música seja melancólica, há também alegria nela. Eu espero levar alegria para a vida das pessoas, não apenas tristeza, mas acho que o conforto está justamente aí. Mas, honestamente, eu não sei [porque faz tanto sucesso]. Se soubesse, botaria isso numa garrafa e venderia para todo mundo”, diz.
Segundo ela, a maternidade também tem lhe ajudado a deixar a cabeça no lugar – e não se assustar muito com todo essa atenção. É importante ressaltar: ninguém vende cinco milhões de cópias de um disco em menos de um mês atualmente. Com esforço, em um ano ou mais. Adele foge completamente aos padrões. A cantora disse que outro dia percebeu que estava totalmente sem tempo para si mesma, porque quando não está trabalhando está cuidando do filho. “Mas aí eu percebi que ele está me mantendo calma sobre isso tudo”, ela observa. “Ele me deixa completamente orgulhosa de mim mesma. Fico muito orgulhosa que o fiz na minha barriga, que o alimentei na minha barriga e que ele saiu de mim! Esse humano que logo estará andando por aí e fazendo suas próprias coisas. Mal posso esperar para saber quem serão seus melhores amigos, quem será sua namorada ou namorado, que filmes ele vai gostar… O que quer que meu filho queira ser ou fazer, vou apoiá-lo independentemente de qualquer coisa”.
A sensação de desconforto com a fama, no entanto, ainda está lá. Adele acredita que isso tem que melhorar, se ela realmente deseja continuar fazendo música – e ela deseja. Mas um limite que ela impõe à imprensa em geral é sua família. Fale e fotografe o quanto quiser Adele, mas não se meta com seu namorado, seu filho e seus parentes. Ela afirma que não é uma “marca” e que eles não fazem parte do “pacote”. Caso seu filho cresça e queira ser conhecido por ser filho dela, tudo bem. Mas não é o que ela visa. A valorização da privacidade é a razão pela qual ela se mantém distante das redes sociais. Segundo Adele, privacidade é a chave para ser capaz de escrever um álbum genuíno. É daí que vem aquela declaração que abre a reportagem. “Não estou mandando indireta para ninguém, mas quando você fica soltando informações sobre a gravação do álbum, não espere que eu esteja lá para comprá-lo depois de seis meses, quando ele sair, porque estarei entediada. Não importa o quanto seja maravilhoso. Você lançou sete músicas [antes]. Eu já ouvi o disco. Eu ouvi tudo que você queria dizer. Eu ouvi na rádio. Não espere que eu não perca o interesse antes do lançamento”.
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