As marmitas (alguém se lembra delas?) praticamente desapareceram do cenário urbano brasileiro de dez anos para cá. Este símbolo nacional do perrengue foi abolido com a ascensão social, que permitiu aos trabalhadores se alimentarem em restaurantes e lanchonetes.
Até 2002, era comum observar as pessoas almoçando em potes trazidos de casa ou em embalagens metálicas também conhecidas como quentinhas, não apenas em obras ou fábricas, como também em repartições públicas, escritórios, butiques e comércio em geral.
Se elas somem por aqui, ressurgem do outro lado do Atlântico. Os cortes de salários e as altas de impostos com o ataque neoliberal em Portugal voltaram a popularizar a marmita e os menus baratos nos restaurantes, com refeições batizadas de “FMI”, “Troika” e “Merkel”, a partir de 3,95 euros cada uma.
MARMITA LISBOETA
Levar esses pratos de baixo custo diretamente aos escritórios é outra das iniciativas mais acolhidas por aqueles que ainda resistem às marmitas.
Para muitos consumidores, no entanto, mesmo esses baixos preços superam a despesa que têm ao levar a comida de casa para o trabalho, motivo que, segundo a empresa de consultoria Kantar, explicaria o aumento do gasto médio anual por português no supermercado, que passou de 1.700 euros, em 2010, para 1.835 euros, no ano passado.
Os sites portugueses não são alheios à tendência, e em blogs como A Marmita Lisboeta, além de coletar receitas variadas e adequadas para essa opção, os marmiteiros trocam experiências e recomendam os melhores e mais estilosos recipientes.
“Porque o hábito de levar o almoço para o trabalho está definitivamente na moda e não há uma marmita igual à outra, cada uma com um estilo”, diz a apresentação do blog.
Pelo menos até que os nossos patrícios consigam virar o jogo político, se é que vão ter disposição e coragem para isso algum dia.
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