Paulo Ito é um pintor de rua brasileiro, que acaba de ficar internacionalmente conhecido. Isso porque, no dia 10 de maio, ele grafitou, no portão de uma escola, no bairro da Pompéia, em São Paulo, a imagem que acaba de se transformar no primeiro grande viral da Copa do Mundo no Brasil. No grafite, um menino chora de fome ao se sentar à mesa e se deparar com um prato que não tem comida, mas uma bola de futebol.
“A ideia surgiu a partir de um trabalho que o grafiteiro francês Goin fez em Atenas. A minha maior intenção é expor a situação que vivemos, hoje, no Brasil, e mostrar a importância que se dá a algumas coisas em detrimento de outras. Não quero dizer que o governo federal não está trabalhando contra a miséria, pelo contrário, reconheço que seu esforço foi muito mais efetivo do que o das gestões anteriores. Ainda assim, a situação no país, sem dúvida, continua sendo muito problemática”, contou em entrevista ao Brasil Post.
A crítica explícita faz coro às manifestações que tomam conta do país às vésperas do evento. E não demorou muito para que se espalhasse pelas redes sociais instantaneamente, repercutindo internacionalmente. Depois de ser compartilhada pelo ator e diretor italiano Giovanni Vernia OOH, a imagem foi curtida mais de 25 mil vezes e compartilhada por mais de 25 mil pessoas. Logo, virou manchete de publicações internacionais, como The Huffington Post e Slate. “Acho isso muito positivo. Fico imaginando que, talvez expondo os problemas do país, a classe política apática possa pensar em criar o mínimo de vergonha na cara”, comentou.
Por aqui, o barulho foi feito pela página TV Revolta, que vem polemizando muito na internet neste mês e sobre a qual Paulo tem algumas ressalvas a fazer: “Não gosto da posição política deles. Achar que tudo é culpa da Dilma é, no mínimo, estúpido. Mas, como eu brinquei com uma usuária do Facebook, esse trabalho é meu filhão (não o personagem que está nele) e, sendo assim, ele cresceu e fez sua própria trajetória. Não gosto de ver essa imagem como um meme reacionário, mas, com certeza, muitas pessoas com essa orientação política se identificaram a seu modo com ela.” E acrescentou: “Minha vontade mesmo era de chutar a Fifa nas bolas, porque ela manda e desmanda como uma criança mimada nesse evento que, claro, é dela, uma empresa privada. Mas as autoridades se dobram demais a ela. Acho que é importante o brasileiro entender que não se trata da Copa do Mundo de futebol e, sim, da Copa da Fifa.”
Apesar de crítico, ele confessa que nunca foi a nenhum dos protestos. “Opero melhor pintando do que fazendo volume, não que não seja importante”, disse. E é através da pintura que ele pretende sintetizar – e transmitir – o sentimento dos brasileiros. “Procuro ser crítico ao máximo, pois quero aproveitar a liberdade, que somente pintar na rua proporciona. Nela, estamos livres de leis de mercado e curadorias. O trabalho vai diretamente para o público. Isso não tem preço.”
Apesar de crítico, ele confessa que nunca foi a nenhum dos protestos. “Opero melhor pintando do que fazendo volume, não que não seja importante”, disse. E é através da pintura que ele pretende sintetizar – e transmitir – o sentimento dos brasileiros. “Procuro ser crítico ao máximo, pois quero aproveitar a liberdade, que somente pintar na rua proporciona. Nela, estamos livres de leis de mercado e curadorias. O trabalho vai diretamente para o público. Isso não tem preço.”
A única dificuldade enfrentada, na verdade, é a de encontrar espaços. Segundo ele, em São Paulo, os moradores e proprietários de edifícios costumam cobrar aluguel pela parede, o que dificulta o trabalho de artistas independentes com ideias como as dele. “Dificilmente conseguimos apoio de empresas, pois elas apenas se interessam por arte inofensiva”, finalizou.
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